Ele meio adormecido gira o seu corpo e tenta prendê-la numa atitude de egoísmo romântico, querendo-a só para ele, mesmo que seja só nesses breves segundos em que o faz, sonâmbulo de amor.
No duche ela organiza mentalmente o seu dia.
Primeiro a roupa – “a saia preta justa pelo joelho de racha atrás e de cinta subida com a camisola vermelha de gola alta, lingerie, meias de ligas pretas e os sapatos vermelhos de salto alto; depois as matrizes para as reuniões de trabalho; a lembrança do telefonema de confirmação para tomar um copo de vinho ao fim do dia com uma amiga que precisa desesperadamente de um conselho ou um sorriso e abraço seu; as compras do dia para o jantar ou a [in]decisão de simplesmente ir jantar fora com ele e de o provocar por baixo da mesa com os seus pés deambulantes que saltitam dos sapatos para o seu sexo, o pagar apressado e embaraçado da conta, os sorrisos cúmplices que fazem corar o empregado de mesa, o calçar trôpedo dos sapatos que quase a fará tropeçar numa das patas da mesa ao desejar possuí-lo já, ali, sentada em cima dele naquela mesma cadeira estilo Luís XV. O esperado chegar a casa, o frenesim de arrancar a roupa com a pele agarrada e o desejo latente que os faz fazer amor mesmo ali, meio despidos, encostados à parede de entrada da casa. Os gritos de súplica, o arquear da espinha, os sexos molhados vibrando uma música que só dois corpos apaixonados sabem tocar. O êxtase, o grito, encavalitada nele, subindo e descendo com o impulso das suas mãos nas nádegas dela, ardentes. Os seus braços agarrando-lhe o pescoço de tal forma que mais parecia que o iria esganar pela parte de trás da garganta. O silêncio, depois. O repousar dos corpos que nem tempo tiveram para lavar os dentes e adormecem transpirados de suor e sexo, meios de lado naquela cama que deixaram hoje de manhã...
Soa o despertador às sete em ponto da manhã. Petra estica o braço e sente a cama vazia. Ainda não foi hoje que o encontrou. O corpo que tinha bebido ontem mandou-o embora junto com a amargura que ele lhe ofereceu ao lhe dizer “Não sei se posso [quero] ficar”.
O significado do nome Petra vem do latim “pedra”: sabe cativar os outros e manter um convívio harmonioso e agradável. É muito hábil e altruísta. Afectivamente, dedica-se com paixão, sendo sensual e atraente. É exuberante nas suas manifestações mas não perdoa retorno morno ou indeciso.