quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Certo dia 1 + 1 = 1 + 1 + 2 + ...




Quis escrevê-lo na sua pele, mas ele já estava misturado nas suas impressões digitais desde aquele primeiro toque suave dos seus dedos nas costas reveladas, dela, naquela tarde de Outono no Meco, em 2005.
Há em si uma lembrança de como tremia de nervosismo, não só desde que o viu sentado naquela mesa dum café em Campo de Ourique, onde a esperava com um ar descontraído tentando camuflar a sua ansiedade, mas desde que soube que seria inevitável encontrá-lo. E que, inevitável seria, amá-lo. Teve a uns passos dele um impulso que quase a levou a desistir, sabia que não seria um amor "fácil" e não se sabia preparada para o enfrentar.
Nervosamente tropeçou num beijo torpe na sua face e num abraço demorado que lhe dizia que ele também, há muito, a esperava.

Queria saber se ele se tinha apaixonado pela imagem que ela lhe oferecia através dos seus olhos ou se pelas imperfeições que lhe foi colocando no colo com o passar dos anos. Mas no amor existem tendencialmente mais perguntas do que respostas se colocarmos tudo numa balança ou diagrama. E essa resposta não a obteria facilmente se além da imagem que ele lhe devolvia pelas retinas em órbita ela não soubesse interpretar todas as outras manifestações não verbais.

O amor não é matemático. Não se pode dizer que 1 + 1 = 2. No máximo poder-se-á dizer que 1 + 1 = 1 + 1 + 2, mais do que um mais um é igual a dois em um...
O amor também não se pode definir como uma subtracção, pois se tentarmos subtrair um a dois só ficaria um e ao ficar apenas um o outro um seria automaticamente eliminado, até certo dia se notar que fazia falta esse mais um para chegar a dois e que já não existiria esse 1 + 1 = 1 + 1 + 2 para "chamar de" amor.
No amor a única conclusão matemática a que chego é que tudo deve ser feito de adições. Adições sob adições e não subtracções, pois se lhes quisermos subtrair algo é porque, à partida, não gostávamos exactamente desse um como era. E se assim for em vez de 1 + 1 = 1 + 1 + 2... quer-se 1 + 1 = 2 = 2 - 1 + 1 = 2...

Desde aquele rasgar do primeiro sorriso que sabia que não seria "fácil", desde que o conheceu sabia que o ia amar, que ia amar aquele um.
E agora eles são 1 + 1 = 1 + 1 + 2 + as [im]perfeições dela + as [im]perfeições dele + as [im]perfeições deles juntos que resultaram numa [des]harmonia sublime [im]perfeita.