Há em si uma lembrança de como tremia de nervosismo, não só desde que o viu sentado naquela mesa dum café em Campo de Ourique, onde a esperava com um ar descontraído tentando camuflar a sua ansiedade, mas desde que soube que seria inevitável encontrá-lo. E que, inevitável seria, amá-lo. Teve a uns passos dele um impulso que quase a levou a desistir, sabia que não seria um amor "fácil" e não se sabia preparada para o enfrentar.
Nervosamente tropeçou num beijo torpe na sua face e num abraço demorado que lhe dizia que ele também, há muito, a esperava.
Queria saber se ele se tinha apaixonado pela imagem que ela lhe oferecia através dos seus olhos ou se pelas imperfeições que lhe foi colocando no colo com o passar dos anos. Mas no amor existem tendencialmente mais perguntas do que respostas se colocarmos tudo numa balança ou diagrama. E essa resposta não a obteria facilmente se além da imagem que ele lhe devolvia pelas retinas em órbita ela não soubesse interpretar todas as outras manifestações não verbais.
O amor não é matemático. Não se pode dizer que 1 + 1 = 2. No máximo poder-se-á dizer que 1 + 1 = 1 + 1 + 2, mais do que um mais um é igual a dois em um...
O amor também não se pode definir como uma subtracção, pois se tentarmos subtrair um a dois só ficaria um e ao ficar apenas um o outro um seria automaticamente eliminado, até certo dia se notar que fazia falta esse mais um para chegar a dois e que já não existiria esse 1 + 1 = 1 + 1 + 2 para "chamar de" amor.
No amor a única conclusão matemática a que chego é que tudo deve ser feito de adições. Adições sob adições e não subtracções, pois se lhes quisermos subtrair algo é porque, à partida, não gostávamos exactamente desse um como era. E se assim for em vez de 1 + 1 = 1 + 1 + 2... quer-se 1 + 1 = 2 = 2 - 1 + 1 = 2...
Desde aquele rasgar do primeiro sorriso que sabia que não seria "fácil", desde que o conheceu sabia que o ia amar, que ia amar aquele um.
E agora eles são 1 + 1 = 1 + 1 + 2 + as [im]perfeições dela + as [im]perfeições dele + as [im]perfeições deles juntos que resultaram numa [des]harmonia sublime [im]perfeita.
4 comentários:
:)
Adorei, nOgS!!!
:)
Beijitos :)
Nogs,
Gostei desta tua matemática do amor, mas a frase que mais me marcou foi aquela em que dizes que no amor existem tendencialmente mais perguntas do que respostas. Grande verdade esta.
Beijinhos.
Ana.
O amor tem destas coisas, eu diria que o amor é 2 em 1...
Espero que estejas bem.
Bom fim de semana.
Bjnhs
ZezinhoMota
SEm palavras...lindissimo!
um bjo
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